segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Um olhar crítico


“Comunicação é diálogo” é um texto de Eugênio Bucci, formado em Jornalismo e Direito e doutor em Ciências da Comunicação pela USP. Seu texto aborda o papel desempenhado pelo jornalismo – e toda área de comunicação social – que se deixa manipular por correntes políticas e muitas vezes não exerce de maneira correta sua principal função.
O autor opina que os meios de comunicação deixam-se corromper pelos poderes econômico ou político, fazendo prevalecer o interesse de quem os exerce. Bucci diz, sobre o campo político, que o jornalismo ao se deixar reger pelas disputas partidárias renuncia às suas funções – aquelas próprias da imprensa. Segundo o autor isso ocorre de tal modo que a própria política sai prejudicada. Ainda nessa linha ele diz que a imprensa não deve se deixar influenciar pelos embates partidários e cabe a ela observar e cobrir os fatos a partir de uma visão externa para não se tornar uma porta-voz das correntes políticas. Para ele, a imprensa deve exercer seu papel com uma posição aberta, dando ao cidadão a possibilidade de interagir junto às informações por ela divulgada, de forma que possibilite voz ao público. Por fim, ele diz que a comunicação social e o jornalismo não devem se contaminar com as disputas partidárias, pois isso é o que impede a sua capacidade de criar pontes de diálogo.
O órgão de imprensa tem o poder de manipular os fatos, apresentá-los a partir de seu ponto de vista, distorcendo as informações por ele divulgadas. Mesmo assim, é visível que a comunicação social e o jornalismo têm-se deixado enraizar pelas manipulações do governo e oposição, tornando-se assim, um objeto de interesse partidário. O jornalismo tem a função de promover diálogos, permitindo à sociedade criar sua concepção sobre os assuntos por ele apresentado, muito embora, como temos visto, isso não venha ocorrendo. A imprensa deve ser usada para informar e permitir o entendimento dos fatos.
Baseio-me no ponto de vista do autor, concordando com sua abordagem.
Bucci deixa claro sua opinião e expõe argumentos concretos e valorativos para a elaboração do seu texto. Desse modo, não discordo em momento algum de sua visão, pois levo em conta que o papel da imprensa é sim de permitir o diálogo das idéias no espaço público, dando ao cidadão o direito de interagir com as informações.
O texto é uma expressão do que vem acontecendo com o mundo jornalístico e a área de comunicação social. O autor aborda a temática da falta de diálogo na sociedade brasileira mostrando a deficiência do jornalismo em prestar seus serviços, deixando-se reger pelas manipulações políticas e, assim, abdicando de seu compromisso com o público.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009


As pessoas aproveitam o dia para contemplar as belas paisagens bossilitadas no trecho do Rio Paraguaçu.

A Regata Aratu x Maragogipe acontece todos os anos em agosto, mês dos festejos do santo padroeiro do município, São Bartolomeu.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Certo e Errado

Há uma idéia de certo e errado. Sendo que para isso, uma ação deve ou não seguir regras. Esta idéia diz que uma coisa é certa quando não contraria as regras. Mas, dizer que está errado não é apenas dizer que contraria as regras. Desse modo, podem existir regras ruins que proíbam coisas que não são erradas.

O pensamento que se tem de certo e errado é diferente do que é e do que não é contrário às regras. Pois assim, não seria possível usá-lo para avaliar as regras nem as ações. De modo geral, as coisas são consideradas erradas não apenas quando o impacto é causado àquela que a pratica, mas também às outras pessoas.

Essa idéia faz surgir algumas objeções. Por exemplo, uma pessoa diz para outra não fazer algo, pois esta ação é considerada contra as regras. Isso não a impediria de praticar a ação, pois ela diria que simplesmente não se importa com as outras pessoas. Porém, é claro que muitas pessoas se importam. Mas o fato dela não se importar não legitima sua ação. Então surge a questão: “Por que se importar?”

Há algumas tentativas de explicar essas questões. Uma delas refere-se aos fundamentos religiosos da moral que afirma que Deus punirá aquele que pratica atos proibidos por Ele, e que recompensará aqueles que não fizeram nada errado quando se sentiu tentado a fazer. Algumas pessoas acreditam que Deus é o motivo pelo qual sustentam as exigências morais, pois sem Ele não haveria nada proibido.

Existem objeções que independem das interpretações dos motivos religiosos. A primeira diz que existem pessoas que não acreditam em Deus, porém, emitem juízo do que é certo e errado. Uma segunda afirma se Deus existe e proíbe o que é errado, não é sua proibição que torna errado. As coisas são erradas por si mesmas, e por isso Deus as proíbe. Ele não poderia tornar nada errado pelo fato de proibi-la. E a terceira objeção diz que o medo do castigo e a esperança de recompensa, e mesmo o amor de Deus, parecem não ser os motivos certos para a moral. Se você pensa que é errado matar, enganar ou roubar, deveria querer evitar tais coisas porque são coisas prejudiciais às vítimas, e não por temer as conseqüências que podem trazer a você, ou por não querer ofender a Deus.

Alguns argumentos são levados em consideração para explicar as regras de conduta. Entre eles, existe aquele que argumenta contra prejudicar outras pessoas.
Muitas vezes as pessoas são tão egoístas a ponto de não se importarem com as outras. Esse argumento diz o seguinte: “Você gostaria que alguém fizesse algo de ruim a você?” No entanto a resposta é óbvia. “Não gostaria nem um pouco!” Mesmo assim, isso não impede de cometer o ato, pois defende que não liga a mínima para as outras pessoas.

Essa é uma questão de simples coerência. Ao admitir que outra pessoa teria uma razão para não prejudicá-lo em circunstâncias semelhantes e ao admitir que a razão que ela teria é muito geral e não se aplica somente a você, ou a ela, então, por uma questão de coerência, você tem de admitir que a mesma razão se aplica a você agora.
A base da moral é a crença de que o benefício e o prejuízo causados a pessoas particulares (ou animais) são bom ou mau não apenas do ponto de vista delas, mas de um ponto de vista mais geral, que pode ser compreendido por qualquer um que pense. Isso significa que cada pessoa tem um motivo para levar em conta não apenas seus próprios interesses, mas os interesses dos outros também, ao decidir o que fazer. Mas existe uma razão para que ela considere a influência de suas ações sobre o benefício ou prejuízo de todos.

Mesmo que isso esteja certo, não passa de um mero esboço da fonte da moral. As pessoas que aceitam a moral, de modo geral, divergem muito acerca do que é particularmente certo e errado.

As pessoas têm certo nível de altruísmo, mas poucas elevam esse nível ao ponto de se preocupar com pessoas estranhas mais do que com aquelas mais próximas. Mas saber o grau de imparcialidade que deveríamos ter é uma questão importante para o pensamento moral.

Certo e errado significam a mesma coisa para todo o mundo? Somos levados a essa grande questão.

A moral é considerada, geralmente, universal. Uma ação considerada errada, é supostamente, errada para todos. O fato de algo ser errado é um motivo para não fazê-lo e as razões para se fazer alguma coisa dependem dos motivos, sendo que estes variam de pessoa para pessoa, desse modo, não haverá um único certo e errado para todo o mundo. Isso porque se os motivos básicos das pessoas diferem, não haverá nenhum padrão básico de comportamento que todos encontrem razão para seguir.

Existem três formas de lidar com esse problema, nenhuma delas muito satisfatória.
Em primeiro lugar, pode-se afirmar que as mesmas coisas podem ser consideradas certas e erradas para todos, mas nem todos têm uma razão para fazer o que é certo e evitar o que é errado. Somente as pessoas com o tipo certo de conduta têm alguma razão para o que é certo pelo fato de ser certo. Isso torna a moral universal, mas a custa de drenar-lhe a força.

Em segundo lugar, pode-se dizer que todos têm uma razão para fazer o que é certo e evitar o que é errado, mas essas razões não dependem das motivações reais das pessoas. São, na verdade, razões para mudar nossas motivações, se não são corretas. Esse fato vincula a moral com as razões para agir, mas não esclarece o que são essas razões universais que não dependem das motivações que as pessoas de fato têm.

E em terceiro lugar, poderia dizer que a moral não é universal, e que o que moralmente se exige de uma pessoa só é válido na medida em que ela tenha certo tipo de razão para fazê-lo, e a razão aqui depende do quanto ela efetivamente se importa com as outras pessoas em geral. A possibilidade de ela ter fortes motivações morais produzirá fortes razões e fortes requisitos morais. Se as motivações morais são fracas ou não existem, os requisitos morais sobre ela serão da mesma forma fraca ou inexistente. Do ponto de vista psicológico, esta pode ser uma visão realista, mas se opõe à idéia de que as mesmas regras morais se aplicam a todos nós, e não apenas às pessoas boas.

A questão sobre os requisitos morais serem ou não universais vem à baila não somente quando comparamos as motivações de diferentes indivíduos, mas também quando comparamos os padrões morais aceitos, em diferentes sociedades, em diferentes épocas. Não se pode esquecer que muitas coisas que hoje consideramos erradas, no passado foram aceitas como moralmente corretas: a escravidão, a servidão, sacrifício humano, segregação racial, negação de liberdade política e religiosa, sistemas de castas hereditárias. Assim como muitas coisas que hoje são consideradas corretas, futuramente não serão.

Há outro sentido no qual certo e errado são obviamente relativos às circunstâncias. Os princípios morais básicos exigem diferentes ações em diferentes circunstâncias.
A moral é relativa não no seu sentido básico. O tipo mais profundo de relatividade em que as pessoas acreditam significaria que a maioria dos padrões básicos de certo e errado depende inteiramente dos padrões aceitos, de modo geral, pela sociedade em que se vive.

Existem muitos problemas filosóficos com relação ao conteúdo da moral – como deveria manifestar-se a preocupação ou o respeito moral pelos outros: se deveríamos ajudá-los a obter o que desejam ou, simplesmente, abster-nos de prejudicá-los ou atrapalhá-los; até que ponto e como ser imparciais. É deixada de lado a maioria das questões porque a preocupação maior aqui é com os fundamentos da moral em geral- até que ponto ela é universal e objetiva.

Uma possível objeção à idéia da moral como um todo deve ser respondida. As pessoas praticam certas ações pela única razão de sentir-se bem ao fazê-la ou por sentir-se mal por não fazê-la. Desse modo, seria inútil para a moral apelar à preocupação com os outros. As pessoas praticam certos sacrifícios por interesses próprios não por simplesmente querer beneficiar os outros. Essa conduta aparentemente moral é motivada por sua preocupação consigo mesma: ela deseja evitar a culpa que sentirá se não fizer a coisa “certa”.

Esses são os reais sentimentos de moralidade. Pois quando as pessoas fazem o que acham que devem fazer se sentem bem consigo mesmas. E vice-versa. Embora isso não signifique que esses sentimentos sejam motivos para agir. Muitas vezes, os sentimentos resultam de motivos que também produzem a ação. O fato de querer fazer o que é certo se relaciona com o simples fato de sentir-se bem ao fazê-lo. E em não fazer algo errado pelo fato de sentir-se culpado.

As razões e os motivos que levam as pessoas a fazerem algo variam bastante.
O argumento moral tenta apelar para uma capacidade de motivação imparcial que se supõe existir em todos nós. Para seguir à conduta moral deve-se competir com certas motivações egocêntricas, e com motivos pessoais que talvez não sejam tão egoístas, na luta para controlar nosso comportamento.

O que dificulta a justificativa da moralidade são as diversas motivações humanas.

Jogos do Poder



Jogos do Poder é um filme hollywoodiano do diretor Mike Nichols que dramatiza um fato real ocorrido no período da Guerra Fria, quando os EUA intervêm numa luta armada entre o Afeganistão e a União Soviética.

No período do pós-Segunda Guerra Mundial, o planeta, em constante sobressalto, vivencia as tensões de um conflito baseado em ameaças que poderiam devastar a humanidade. Essas ameaças não se concretizaram, porém, assustaram o mundo por cerca de 40 anos.

A produção mostra as pretensões dos EUA de acabar com a Guerra e com esse intuito dispõe-se a ajudar os afegãos. Apesar de ser uma produção hollywoodiana, o filme deixa claro, através de uma crítica bem elaborada, os reais interesses norte-americanos. No filme fica evidente o processo de beneficiamento de determinados indivíduos através do poder que representa como é o caso do deputado norte-americano Charles Wilson. Ele consegue por meio do uso abusivo de sua posição política e social, modificar e interferir nos inúmeros setores da sociedade estadunidense. Wilson é perseguido e acusado pela imprensa de envolvimento com drogas. O filme retrata ainda a influência e importância da mídia no processo político norte-americano, ao deixar evidente que os processos que existiam contra o deputado conseguiam ofuscar as discussões acerca do orçamento destinado à guerra.
O deputado Charles Wilson é influenciado por Joanne, a sexta mulher mais rica do estado do Texas, a ir ao Afeganistão. Ao visitar o país o deputado mostra-se sensibilizado com a situação em que se encontram os refugiados. O país vive em condições de miséria, as crianças analfabetas e a fome que assola toda a população. Ainda nesse contexto, quando retorna aos Estados Unidos, Charles Wilson busca recursos junto ao governo e consegue um bilhão de dólares a serem investidos em armamentos para o combate.

O filme destaca alguns motivos que fizeram os norte-americanos se sensibilizarem com a guerra. Ele passa explicitamente que cada uma das pessoas envolvidas teve motivações particulares e divergentes. A produção enfatiza que os motivos que levaram Joanne a comover-se foram de caráter religioso, já o deputado Wilson, ao ver-se diante da situação que se encontravam os afegãos, teve seu caráter humanístico abalado.

Porém, o filme não deixa de mostrar, mesmo implicitamente, que os Estados Unidos tinham interesses políticos para com a guerra. Isto fica claro quando o deputado Wilson tenta buscar recursos para serem aplicados na educação das crianças afegãs e tem seu pedido negado. “Por que se consegue 1 bilhão de dólares para combater a guerra e não dispõe-se 1 milhão para investir na educação?”

A produção mostra-nos os possíveis interesses envolvidos neste combate, mas permite-nos perceber que houve uma forte sensibilização de caráter humano para com os povos que sofreram os dissabores da Guerra. Ela ainda nos remete à questão de como o jogo de interesses influenciam e podem determinar certas ações e interferir nos acontecimentos históricos, sem que muitas vezes, tenhamos noção do que realmente acontece. A guerra só interessava aos EUA até o momento do lucro, já que o mercado de armas movimentava capital para a nação, quando o enfoque deixou de ser a guerra e passou a ser a educação dos afegãos não houve recursos a serem disponibilizados. Essa é uma crítica clara e concisa da formação de um sistema econômico ocidental que não privilegia o investimento social.

O lado podre da política norte-americana foi revelado e isso é surpreendente, pois é muito difícil encontrar uma trama hollywoodiana que aponte os defeitos de seu governo. Jogos do Poder mostra a forma como os EUA interferiram nos objetivos soviéticos utilizando milhões de dólares, prestígio social, político e em determinados momentos considerações religiosas.