quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Jogos do Poder



Jogos do Poder é um filme hollywoodiano do diretor Mike Nichols que dramatiza um fato real ocorrido no período da Guerra Fria, quando os EUA intervêm numa luta armada entre o Afeganistão e a União Soviética.

No período do pós-Segunda Guerra Mundial, o planeta, em constante sobressalto, vivencia as tensões de um conflito baseado em ameaças que poderiam devastar a humanidade. Essas ameaças não se concretizaram, porém, assustaram o mundo por cerca de 40 anos.

A produção mostra as pretensões dos EUA de acabar com a Guerra e com esse intuito dispõe-se a ajudar os afegãos. Apesar de ser uma produção hollywoodiana, o filme deixa claro, através de uma crítica bem elaborada, os reais interesses norte-americanos. No filme fica evidente o processo de beneficiamento de determinados indivíduos através do poder que representa como é o caso do deputado norte-americano Charles Wilson. Ele consegue por meio do uso abusivo de sua posição política e social, modificar e interferir nos inúmeros setores da sociedade estadunidense. Wilson é perseguido e acusado pela imprensa de envolvimento com drogas. O filme retrata ainda a influência e importância da mídia no processo político norte-americano, ao deixar evidente que os processos que existiam contra o deputado conseguiam ofuscar as discussões acerca do orçamento destinado à guerra.
O deputado Charles Wilson é influenciado por Joanne, a sexta mulher mais rica do estado do Texas, a ir ao Afeganistão. Ao visitar o país o deputado mostra-se sensibilizado com a situação em que se encontram os refugiados. O país vive em condições de miséria, as crianças analfabetas e a fome que assola toda a população. Ainda nesse contexto, quando retorna aos Estados Unidos, Charles Wilson busca recursos junto ao governo e consegue um bilhão de dólares a serem investidos em armamentos para o combate.

O filme destaca alguns motivos que fizeram os norte-americanos se sensibilizarem com a guerra. Ele passa explicitamente que cada uma das pessoas envolvidas teve motivações particulares e divergentes. A produção enfatiza que os motivos que levaram Joanne a comover-se foram de caráter religioso, já o deputado Wilson, ao ver-se diante da situação que se encontravam os afegãos, teve seu caráter humanístico abalado.

Porém, o filme não deixa de mostrar, mesmo implicitamente, que os Estados Unidos tinham interesses políticos para com a guerra. Isto fica claro quando o deputado Wilson tenta buscar recursos para serem aplicados na educação das crianças afegãs e tem seu pedido negado. “Por que se consegue 1 bilhão de dólares para combater a guerra e não dispõe-se 1 milhão para investir na educação?”

A produção mostra-nos os possíveis interesses envolvidos neste combate, mas permite-nos perceber que houve uma forte sensibilização de caráter humano para com os povos que sofreram os dissabores da Guerra. Ela ainda nos remete à questão de como o jogo de interesses influenciam e podem determinar certas ações e interferir nos acontecimentos históricos, sem que muitas vezes, tenhamos noção do que realmente acontece. A guerra só interessava aos EUA até o momento do lucro, já que o mercado de armas movimentava capital para a nação, quando o enfoque deixou de ser a guerra e passou a ser a educação dos afegãos não houve recursos a serem disponibilizados. Essa é uma crítica clara e concisa da formação de um sistema econômico ocidental que não privilegia o investimento social.

O lado podre da política norte-americana foi revelado e isso é surpreendente, pois é muito difícil encontrar uma trama hollywoodiana que aponte os defeitos de seu governo. Jogos do Poder mostra a forma como os EUA interferiram nos objetivos soviéticos utilizando milhões de dólares, prestígio social, político e em determinados momentos considerações religiosas.

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